domingo, 29 de novembro de 2009

A FLAUTA MAGICA

Era uma vez uma tribo, os Cumurus, resguardada pelos segredos da Mata Atlântica, ainda imaculada. Viviam de extrativismo, pequenas culturas e criações, pesca e caça, sempre respeitando os limites impostos pela natureza. Os guerreiros realizavam cultos oferecendo suas habilidades à natureza.
Numa noite de lua cheia e estrelas palpitantes, o mais novo guerreiro refletia sobre o que ele tinha de melhor a oferecer aos seus deuses. E não queria decepcioná-los.
O jovem cumuru se preparou espiritualmente e pintou todo seu corpo com tintas de cores vivas, desenhando todas as maravilhas que ele conhecia, do mar à floresta. Acendeu uma fogueira à beira-mar e sob a luz dos astros, tocou sua música usando uma espécie de flauta criada pelos artesãos de sua tribo: era uma ocarina. Reuniu todas as suas forças para que seu sopro de vida transformasse em notas toda a sua devoção à natureza.
O jovem cumuru, entorpecido pelo luar, saudava as ondas, reverenciava os grandes seres do mar, homenageava a relva do prado que delineava sua terra, agradecia a proteção provida pelas montanhas, abria seus braços para os coqueiros que saciavam a sede de seu povo e traziam sombra para seu alívio.
Naquela noite, o bravo cumuru havia se rendido à magia da música e quando se deu conta, estava mais próximo das estrelas e conseguia mergulhar nas profundezas das águas. Céu e mar se misturavam harmonicamente. O som da ocarina havia lhe transportado para dentro de seus próprios desejos e sonhos.
O jovem cumuru nunca mais foi o mesmo depois das revelações feitas pelo som daquela ocarina mágica. Nada seria como antes e nada mais lhe parecia impossível, desde que se esforçasse na busca por seus objetivos. E ele queria apenas ser feliz.
Escrito por Ana PradoNas areias de Prado / Bahia – 21/10/2009

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